Nossas Raízes

MÃE ÁFRICA

1. Já foi gloriosa

Em todo o seu magnífico esplendor

Foi saudada pela Mãe Natureza

Com a mais perfeita, encantadora e harmoniosa

Visão privilegiada aos olhos e a vida

A essência da Beleza.

2. Em tempos remotos

Desde a Antiguidade

Causava inveja, devido seus encantos

Sua riqueza cultural

Seus guerreiros altos, fortes e nutridos

Ostentando suas belas peles de cor núbia.

3. As gigantescas dimensões

Representadas em sua fauna e flora

Mares e Rios límpidos

Grandes desertos infindáveis

Em  consonância com a vastidão

Das mais virgens florestas.

4. Enfeitada com os mais magníficos

Animais, aves e espécies jamais contemplados

Por outras civilizações

A África dos nossos sonhos reais

Que já teve Dinastia de faraós

Segundo o darwinismo, deu-nos a vida.

5. Muitas teorias, até então proibidas

Revelam-nos outro berço

Onde a humanidade teria surgido

Migrando para diversas regiões do Planeta

Formando as diversas etnias, que o habita

Desmentindo todas as falácias a seu respeito.

6. Oh! Rica África

Incomensuráveis são os seus valores

Onde há um rico espetáculo de deuses

Um panteão mitológico infinito

Religiões que a torna grandemente consciente

Da sua imensidão, assim como o povo negro.

7. Foram justamente as suas disputas internas

As guerras civis e escravidão

Da sua própria gente

Que a enfraqueceu, dispersando sua força

Abrindo as portas para estrangeiros mal intencionados

Objetivando escravizá-la.

8. Em legitima defesa

Guerreou contra os hebreus

Batalhou contra o macedônico Alexandre, o Grande

Lutou contra os romanos

Mas, terminou presa fácil dos gananciosos europeus

E da sua violenta religião eurocentrista.

9. Com a descoberta da imensa América

A suas terras a serem cultivadas com cana-de açúcar

Depois dos índios brasileiros

Sua população tornou-se escrava em terra estranha

Foi brutalizada, e sua identidade arrancada,

Assim creram os portugueses colonizadores.

10. Depois de quase quatrocentos anos de escravidão

Com as revoluções industriais e tecnológicas

Os escravos negros tornaram-se obsoletos para os europeus

No jogo político, econômico, na hipocrisia e no medo

A Princesa Isabel foi obrigada a assinar a Lei Áurea

Libertando os escravos e fortalecendo o racismo no Brasil.

(Sidney Pires, in Aurora Do Despertar)

Quem Denunciará?

QUEM DENUNCIARÁ AS ARBITRAGENS DOS GOVERNOS?

Os Intelectuais

Desde a criação dos Estados

Que os governantes

Fazem o que querem

Assim era na Antiguidade

Onde muitos se passavam por deus vivo

Para obterem controle e obediência da população.

Ensinaram-nos a não gostarmos de política

  Privilégio somente deles

E das suas famílias

Assim passaram-se milênios

E quase nada mudou

Somente os Rótulos e Embalagens fecais.

As Revoluções acorridas na História

Foram usurpadas e banalizadas

E os mesmos grosseirões

Permaneceram quase sempre intactos

Como se essa fosse a ordem natural  

Onde os “mais apitos” reinam absolutamente.

Enquanto a sociedade pensar como galinha

Ignorando a Águia inata em si

Será escrava dos complexos

Sistemas de Controle criados

Por aqueles que estão no Poder.

(Sidney Pires, In Aurora Do Despertar)

Não Se Deixe Enganar

TOLO, IDIOTA E IMBECIL

A vida é como uma rosa no vaso

Parece bela

Mas é cheia de espinhos

Apesar de seu encanto esvair-se

Em pouco tempo

Causa-nos eternas cicatrizes.

Tolo, não se deixe enganar

Pelo colorido

Tudo é ilusão e plasticidade

Que aprisiona as mentes insensíveis

Incapazes de perceberem

A armadilha da Indústria Cultural.

Idiota não seja vaidoso

Por ser estúpido

Saia deste inferno enquanto há tempo

Já começaram a te devorar

Está com a mente anestesiada

Por isso ainda não sente dor.

Imbecil olhe ao seu redor

Veja seus iguais, os zumbis

Como você já coisificados

Covardes ficam dentro da Caverna

Repleta de espectros, deuses e demônios mil

Controlados na armadilha chamada sociedade de consumo...

(Sidney Pires, In Aurora Do Despertar)

Nós Loucos Falamos a Verdade

FALAR A REALIDADE É CONSIDERADO AGRESSIVIDADE

Se meu discurso às vezes

Não é polifônico

É porque quero ser entendido.

Quando a mensagem é para poucos

Utilizo a linguagem figurada

Pois nem tudo é para todos.

Não se joga pérolas aos porcos

Pois não servem de alimento

Apesar do seu rico valor

Passará entre seus intestinos

E será desprezado

Juntamente com seus excrementos.

Já gastei muita saliva

Poderosas palavras em vão

Estragando minha voz

Esgotando minha paciência

Até passei por insano

Por falar com tantas mentes doentias.

Um diamante não se lapida com lixo escrotal

E sim com saberes proibidos

Trazidos de um lugar infernal

É lá que me refugio

Da lama deste chiqueiro enganador

Onde oferecem-nos merda no lugar do caviar.

Se a verdade te incomoda

Meu filho

Faça como o Avestruz

Abra um buraco no chão

E enfie sua cabeça nele

Reafirmando sua covardia de sempre.

(Sidney Pires, In Aurora Do Despertar)

A Arma Mais Poderosa Que a Sociedade Possui

DESOBEDIÊNCIA CIVIL

O poder de tudo mover

Ou fazer parar

Somente as massas o possuem

Porém não sabem

Deste segredo magnífico

De poder mudar o mundo.

Não é preciso vandalismo

Denominado manifestação

Um estrondoso silêncio basta

Para fazer governos

Elites e empresários

Temerem e tremerem.

Somos o motor da História

Disse Marx e Engels

A engrenagem

Que move o Planeta Capital

Digam Não

Pena que ainda não sabem seu significado.

Quando descobrirem

Desafiarão sistemas arbitrários

Destronarão políticos corruptos

Mudarão formas de condução social

Ordenadamente criarão a Consciência de Classe

E praticarão a Desobediência Civil.

(Sidney Pires, In Aurora Do Despertar)

Acordar Para a Vida

NOVOS CAMINHOS

Pelas vias desta vida trilhei

Buscando não sei o que

Querendo algo que me confortasse

Sem cessar me calejei

Até descobrir

Que precisava aprender tudo de novo.

Como um bebê que acabou

De sair do conforto do útero

Comecei a escutar sons estranhos

Luzes me incomodaram em demasia

Beirei a loucura a ponto de

Pensar que tudo era irreal.

Meu cérebro despedaçou-se em mil pedaços

E eu não conseguia montar sozinho

Este imenso Quebra-cabeça

Até que minha adorada Rainha das Trevas

Encontrou-me e delicadamente disse-me

Bem vindo ao mundo real.

 (Sidney Pires, In Aurora do Despertar)

Shopping, A Nova Sinagoga Dos Zumbis

CONTEMPLAÇÃO DA PARÓDIA HUMANA

Sai pelas ruas da cidade sozinho a noite

Meu olhar dirigia-se para o chão

O coração cheio de dúvidas Existenciais

De uma não vida das pessoas tolas e ridentes

No interior, esmagava-me, perguntando-me

O motivo de estar cabisbaixo.

Ironicamente respondi-lhe

Não mais suportava vislumbrar trash, zumbis

A paródia humana autodestruindo-se

Derretendo-se uma coisa única

Despersonalizada e sem identidade própria

Suicidando-se nas luzes coloridas do Capitalismo.

Quanta besteira quanta falta do que fazer

Exceto dirigirem-se a locais mortíferos

Os grandes e decadentes pilares rotativos

Que os consomem de forma gradual

Nas chamas do “Inferno” deste mundo

Observadores como eu são taxados de excêntricos.

(Sidney Pires, In Aurora do Despertar)